“Sobrevalorizado”. É com esta palavra que a Comissão Europeia (CE) descreve o mercado habitacional em Portugal. Na análise “In-Depth Review 2024 Portugal”, disponibilizada no passado dia 23 de abril, a Direção-Geral para os Assuntos Económicos e Financeiros da CE considera que o cenário da habitação no paise é de “impacto negativo na acessibilidade da habitação ao longo do ano passado”.
De acordo com o portal idealista/news, parceiro da H URB, a CE indica que “a sobrevalorização dos preços da habitação aumentou para cerca de 30%, refletindo o forte crescimento nominal dos preços da habitação ao longo do último ano”, afetando “especialmente” os grupos mais vulneráveis.
O documento aponta também razões para este aumento: “Ao longo dos anos, grande parte do financiamento relacionado com a compra de propriedades esteve ligada ao investimento direto estrangeiro ou à comercialização de propriedades residenciais no âmbito do turismo em expansão”, específica a CE, acrescentando que “uma parte do forte aumento dos preços da habitação não foi impulsionada por fatores internos e não está associada ao endividamento interno”.
A expetativa da CE é que o aumento dos preços da habitação se modere no curto prazo, mas uma descida acentuada nas avaliações da habitação é “improvável”.
Famílias têm “elevada exposição” a taxas de juro variáveis
Apesar da “ligeira flexibilização das condições de financiamento” e do “aumento previsto do rendimento real das famílias” que deverá “compensar parcialmente o impacto dos custos dos juros”, a verdade é que esse impacto continua a pesar “substancialmente” os orçamentos das famílias: “Os empréstimos para aquisição de habitação representam quase 80% do valor total de empréstimos bancários às famílias”, precisa a CE, que dá conta que “o custo do financiamento para novos empréstimos para aquisição de habitação aumentou de um mínimo histórico de 0,8% no início de 2022 para acima de 4% no início de 2024”.
A acrescentar a isto, está o facto da grande maioria dos financiamentos ter como base taxas de juro variáveis: “A maioria das hipotecas continuam ou com taxas de juro variáveis ou com taxas mistas, geralmente com taxa fixa por um período de um a cinco anos, passando depois a taxa variável”, frisa a CE.
Portugal regista, atualmetne, um aumento siginificativo dos preços da habitação, em contraste com a maioria dos países da União Europeia.