Depois de uma pausa forçada devido à pandemia de COVID-19, a Festa das Cruzes está de regresso a Barcelos. A primeira grande romaria do Minho acontece na nossa cidade e traz um cartaz diferente e que promete ser um regresso em força.
Resistência (29/04), João Pedro Pais (30/04), Paula Fernandes (01/05) e Calema (02/04) são os cabeça-de-cartaz de um programa a que se junta o folclore, atuações de grupos do concelho, os tapetes de pétalas de flores no Templo do Senhor Bom Jesus da Cruz, a Batalha das Flores na avenida da Liberdade (este ano, sob a temática “Batalha Pela Paz”), os arcos de romaria e o Arraial “Bamos às Cruzes”, no Jardim das Barrocas, além das sessões de fogo de artifício.
O ponto alto desta festa é a Procissão da Invenção da Cruz que junta as cruzes das 89 paróquias do concelho.
O programa pode ser consultado na íntegra no site da câmara municipal de Barcelos.
Origens da Festa das Cruzes remontam ao século XVI
Com um cariz marcadamente religioso, a Festa das Cruzes está associada a uma lenda sobre o aparecimento de uma cruz no Campo da Feira.
A lenda que se conta pela cidade é que terá sido João Pires, um sapateiro, a encontrar aquele símbolo a 20 de dezembro de 1504: ao regressar da missa, viu na terra uma cruz preta. “Como não quis guardar só para si aquilo que considerou ser um sinal sagrado, alertou o povo, que depressa veio ao local”. A cruz surgia sob a forma de uma “nódoa negra” que ia crescendo até se formar uma cruz perfeita que se estendia em profundidade. “Por mais que se cavasse, sempre se achava”.
O milagre originou uma devoção popular, tendo sido erigido, no mesmo ano, um cruzeiro em pedra “com as dimensões da cruz miraculosamente aparecida”. Os populares foram fazendo oferendas que foram aplicadas na construção de uma ermida em 1505, tendo um rico comerciante barcelense oferecido uma imagem flamenga, em tamanho quase natural, do Senhor da Cruz.
Apesar do milagre da cruz ter-se dado em dezembro, a transferência da festa para o mês de maio acontece por volta do século XIX. Há quem diga que esta mudança se deve ao calendário litúrgico, que consagra o dia 03 de maio à Santa Cruz.
Outra lenda associada à Festa das Cruzes é a lenda das cruzes irmãs. Diz-se que, em tempos idos, os países protestantes do norte da Europa lançaram ao mar três imagens do Senhor dos Passos. As ondas do mar levaram as três imagens à costa portuguesa: uma delas terá aparecido em Matosinhos, outra na praia de Fão e uma outra, a terceira, subiu o rio Cávado e deu à margem em Barcelos. A imagem foi então levada para a ermida do Senhor da Cruz, o atual templo. Daí o canto popular:
O Senhor de Matosinhos
Mandou dizer ao de Fão
Que dissesse ao de Barcelos
Que eram todos irmãos!
A fazer jus a esta lenda, o povo acredita que a imagem recolhida não pode ser retirada do templo e, por isso, os barcelenses mandaram esculpir uma outra imagem do Senhor dos Passos em Roma, nos idos de 1875. A autoria da imagem é atribuída ao italiano Jeuseppe Berardi.
A Festa das Cruzes acontece de 29 de abril a 03 de maio.